Que mau é esse que me encontra tão rasteiramente, que me afeta e machuca os punhos, que dilacera minha garganta?
De onde vem tão estranho sentimento, tão alheio, tão indubitável.
Qual o poder das visões, visões essas que me enchem o peito de uma angústia devoradora, que me embarga a voz, que me atrapalha as palavras. Esse desejo de vida tão distante, essa saudades do que nunca vivi. Essa saudade de meus desejos, de meu futuro.
Como quando toca uma música, e os músculos do pescoço se petrificam, assim como a respiração se intensifica, as narinas ardem, o peito infla e os olhos avermelham.
Melancolia.
Qual a origem desse mau, qual o pequeno virus, que se ver, torna minha vida em algo tão melodramático.
Será simplesmente a poesia do Drama?
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Henrique sobre Dom Casmurro.
Henrique correu o mais que pode, correu para chegar ao ônibus antes que esse partisse. A chuva caia forte, e seus cabelos grudados na testa brilhavam ainda mais pretos. Sentou-se no fundo do ônibus, e lá ficou. Puxou um exemplar de o Dom Casmurro e começou a ler, em seu mp3 a nona de Beethoven soava fortemente, Ode à Alegria.
Permaneceu assim minutos. Via agora Bentinho, não mais um jovem adorável, mas um velho vingativo, o qual jogara sua vida fora por uma suspeita tola. Via a chegada de Ezequiel da Suíça, vestido de luto.
Henrique pensava fortemente sobre Bentinho. Qual era o propósito disso tudo? Descobriu que não queria saber. Encontrava-se tremendamente irritado com toda aquela ladainha sobre relações e sobre sentimentos. Machado de Assis às picas.
Com o dedo ainda a marcar a página que lia, fechou o livro e segurou-o pela janela, jogando-o assim, após um segundo de hesitação. Capitú às picas.
Permaneceu assim minutos. Via agora Bentinho, não mais um jovem adorável, mas um velho vingativo, o qual jogara sua vida fora por uma suspeita tola. Via a chegada de Ezequiel da Suíça, vestido de luto.
Henrique pensava fortemente sobre Bentinho. Qual era o propósito disso tudo? Descobriu que não queria saber. Encontrava-se tremendamente irritado com toda aquela ladainha sobre relações e sobre sentimentos. Machado de Assis às picas.
Com o dedo ainda a marcar a página que lia, fechou o livro e segurou-o pela janela, jogando-o assim, após um segundo de hesitação. Capitú às picas.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Eu pareço um cachorro.
Eu pareço um cachorro. Essa pele clara, esse olhar parado e preto, essa sobrancelha grossa, esses dentes mal formados. Eu pareço um cachorro.
Esses cabelos pretos e bagunçados, esses pelos da barba por fazer, esse balançar alegre e inquieto de calda.
Pareço com um cão, sempre a fugir quando repudiado, quando desprezado, mas ao menos sinal de carinho, volto a balançar alegremente o meu corpo mal assentado.
Meus latir tão intenso e agudo, meu ganir tão raivosos e escroto. Eu pareço um cachorro.
Eu pareço um desses vira-latas bonitos e agradáveis que vê-se em filmes, eu pareço um Vagabundo, um cão de rua, sem casa, sem festa, sem osso.
Essa minha cara lavada, esses olhos de besouro brilhante, esses caninos pontudos. Esse cabelo preto.
Esses cabelos pretos e bagunçados, esses pelos da barba por fazer, esse balançar alegre e inquieto de calda.
Pareço com um cão, sempre a fugir quando repudiado, quando desprezado, mas ao menos sinal de carinho, volto a balançar alegremente o meu corpo mal assentado.
Meus latir tão intenso e agudo, meu ganir tão raivosos e escroto. Eu pareço um cachorro.
Eu pareço um desses vira-latas bonitos e agradáveis que vê-se em filmes, eu pareço um Vagabundo, um cão de rua, sem casa, sem festa, sem osso.
Essa minha cara lavada, esses olhos de besouro brilhante, esses caninos pontudos. Esse cabelo preto.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
volver.
Por que será que quando estou triste sempre volto para cá?
Por que poucos lerão. Deve ser.
isso é tudo o que tenho à dizer: podridão.
Por que poucos lerão. Deve ser.
isso é tudo o que tenho à dizer: podridão.
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