terça-feira, 28 de setembro de 2010

Henrique sobre Dom Casmurro.

Henrique correu o mais que pode, correu para chegar ao ônibus antes que esse partisse. A chuva caia forte, e seus cabelos grudados na testa brilhavam ainda mais pretos. Sentou-se no fundo do ônibus, e lá ficou. Puxou um exemplar de o Dom Casmurro e começou a ler, em seu mp3 a nona de Beethoven soava fortemente, Ode à Alegria.
Permaneceu assim minutos. Via agora Bentinho, não mais um jovem adorável, mas um velho vingativo, o qual jogara sua vida fora por uma suspeita tola. Via a chegada de Ezequiel da Suíça, vestido de luto.
Henrique pensava fortemente sobre Bentinho. Qual era o propósito disso tudo? Descobriu que não queria saber. Encontrava-se tremendamente irritado com toda aquela ladainha sobre relações e sobre sentimentos. Machado de Assis às picas.
Com o dedo ainda a marcar a página que lia, fechou o livro e segurou-o pela janela, jogando-o assim, após um segundo de hesitação. Capitú às picas.

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