Enquanto ainda estou sentado aqui, nesse quarto de hotel de beira de estrada, ela está lá deitada. Sono profundo, quando chamei não respodeu, nem mesmo se mecheu. Depois das cinco miligramas injetadas na veia, ontem, ela me beijou, tao forte, eu senti o gosto dos morangos comidos na véspera.
Acabamos alí mesmo, no chão do banheiro. Sua saia, seus cintos, sua blusa, misturadas as minhas meias, camisetas e cuecas. Suas pernas misturadas aos meus braços. Seus cabelos presos em meus dedos.
Cozinhei pra ela uma mistura de macarrão e enlatados comprados as preças antes de sair de casa, duas latas de coca sobre a mesa, uma garrafa de gim. Ela agora ja tomada banho, com uma camisa minha, apenas a camisa e uma calcinha, os cabelos molhados pendendo como cordas grossas, nos pés meias coloridas, e nos braços as marcas renovadas. Os olhos fundos e cançados, mas sorriam tão forte que me despreocupavam.
Os dois sentados, um de frente para o outro, o jornal na tv anunciava as piores crises, as grandes vitórias, e a queda da bolsa. Coloquei em seu prato a comida, estava cheirosa, e um tanto bonita, em cima coloquei o queijo, excesso de queijo, o que sempre me irritou, eu fiz de bom grado pra ela. Abri uma lata de coca, servi metade do copo, a outra metade com gim. levantei e beijei-lhe os olhos, ela sorriu. Corou um pouco.
Terminamos de comer, nenhuma palavra dita até então, ela já levemente alta, a pupila dilatada, talvez pelo efeito das papoulas injetadas, talvez pelo efeito dos copos de gim virados. Peguei sua mão, e sorri, ela me respondeu, na sua mão depositei um pequeno anel, pequeno, com uma pedra roxa, uma ametista, o metal era ouro branco, a pedra ametista, isso mesmo. Ela olhou, cerrou os olhos, demorou a reconhecer, levantou o rosto, me sorriu, uma lágrima brilhante desceu no olho esquerdo, o anel ja em seu dedo.
Fomos para a cama, e novamente nos embaralhamos, e nos perdemos.
Levantou mais uma vez, foi para o banheiro, demorou algum momento, quando voltou, a marca vermelha da cinta no seu antebraço, e a pequena mancha de sangue seco, renovado por sangue novo. No rosto um sorrizo leve, digno de Gioconda. Deitou ao meu lado, me sorriu, me beijou. Dormimos assim, rosto a rosto, podia sentir o sopro de suas narinas, podia sentir o pulsar do sangue em suas veias, senti tudo isso, as marcas da excitação, da felicidade. Senti o seu pulsar até que caí no sono, adormeci, ela também.
Ao acordar o leve sopro de suas narinas se transformara em vazio. O pulsar das ondas de sangue em sua veia se transformaram em marasmo, ela não reagiu ao meu toque. Em seus braços uma mancha rocha.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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4 comentários:
A Pedro, tomate cru meu, depois você bvem falar de mim, se tá é doido. Esse texto tá maravilhoso, nunca que eu cheugo aos teus pés, tem começo, tem o meio, tem o fim, não exatamente explícitos, mas estão ai, a form dura, sincera, prática como você diz as palavras, isso sim é demais. Eu me canso muito desse meu jeito meloso de escrever sabe, queria ser assim, mais real, mais verdade, menos fantasia.
Amei de paixão, paixão.
Éh, bem que vc disse ... =O
pedro, esse foi lindo. lindo mesmo.
as pupilas dilatadas, deixam menos espaço para iris. mas a iris com as pupilas dilatadas...
Ah sim, o baque final. Arrebatador. Sabe, você consegue construir sentimentos destruindo-os e destruindo-nos. Ficou maravilhoso! O ápice pra mim foi o momento final, precisamente as duas estrofes finais onde você se contrasta. A imagem que se formou foi maravilhosa...
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