"Não sei".
Foi a simples frase que Juliân formulou enquanto pensava sobre o que seria daquele momento em diante.
Considerou todo o seu mundo, suas vontades, sua realidade, seus motivos, e então chegou à simples conclusão.
Juliân, há tempos, sentia-se triste, em verdade não triste, apenas inerte.
Como um basta às suas conclusões e pensamentos, levantou-se de sua cama e rumou para a cozinha, onde tomou alguns compridos. Comprimidos os quais o distraíam, e sem os quais raramente passava. Tomou alguns goles de água, e saiu para a rua.
Andou por algum tempo, e decidiu por parar em uma esquina qualquer, onde voltou a pensar.
Todas as mudanças pelas quais passara, todas as resoluções.
Todos ao seu redor estranharam. Sua mãe passara dias chorando, pois não compreendia porque seu pequeno filho não falava mais. Seus amigos estranharam o fato Juliân estar cada vez mais magro e abatido. Ninguém mais se encontrava confortável. Todos estavam preocupados, e apenas Juliân se mantinha impassível.
Juliân se resolvera por calar, porque assim não precisaria mais pensar. Essa exclusão era, para ele, como uma forma de se manter inatingível, e embora todos estivessem descontentes com essa resolução, Juliân se mantinha resolvido por continuar calado.
Durante o tempo em que permaneceu sentado na esquina, já escura, Juliân resolveu finalmente pensar, e até começou a falar. Sentia-se cada vez pior, não podia mais controlar, começara a remoer as causas, agora teria de enfrentar a dor e terminar de contá-las.
E era assim, sempre assim, a dor imensa que Juliân sentia fazia com que cada vez mais se calasse... Era seu refúgio, pois enquanto não falava, não precisava pensar... Não precisava conceituar. Era mais fácil. Juliân preferia encontrar-se inerte e silencioso, morto, a encontrar-se triste, vulnerável.
--Quando voltar, eu digo o que aconteceu com Juliân. Por certo tempo, ausento-me.
Como disse, estou escrevendo cada vez pior, motivo suficiente para esquecer blog.
Tchau.=-)
quinta-feira, 25 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
Pedro chegando.
Parece que reencontro um Pedro antigo...Ele se parece muito comigo, mas não é como deveria.
Ele é triste.
Ando meio assim, embora para algumas pessoas não paressa...Ando realmente triste.
Minha situação anda meio estranha, porque coisas que tinha resolvido voltaram de forma diferente, e agora me fode tudo.
Preciso de um tempo, só meu...Preciso de inconsciencia.
Não aguento mais, em verdade, estar ciente do que acontece...Preciso, por alguns instantes, perder os sentidos, a cabeça.
Acho que é mais fácil encarar assim, se abstrair.
Ando desistindo de tudo. Desisti do teatro, desisti de aprender violino, parei de desenhar, parei de escrever (meus textos estão cada vez piores, entao desisto). Desisti de tudo, acho que no momento é melhor viver assim ao Deus dará.
Pedro se fecha em uma bolha.
Isso me cança, na verdade estou no bico do corvo, again!
Relacionamentos, machucam. Então por que corro atraz?
Por que sou idiota!
Eu tinha aprendido a não e vincular a pessoas, e de repende encontramos Pedro assim.
Idiota.
Tento ser chato, cada vez mais.
Tento ser quieto, cada vez mais.
Tento ignorar, cada vez mais.
Tento calar, cada vez mais.
Mas depois de construir uma base boa o suficiente para me fechar, eu vou lá e destruo ela.
Decide, menino!
Idiota.
Na verdae, agora é oficial.
PAREI DE:
1comer
2falar
3chorar
méta para 2010.
Iris se irritaria, porcamente.
Pois é, temos agora um novo Pedro. Garoto mecânico....mecânico não, inerte.
Passo então por um período de transição. E uma de minhas ultimas frases é:
Adeus..Se tudo der certo, não sentirei falta de ninguém. Boa noite.
Como eu posso ser tão imaturo?
Eu sou egoísta.
finjo ser...
Ele é triste.
Ando meio assim, embora para algumas pessoas não paressa...Ando realmente triste.
Minha situação anda meio estranha, porque coisas que tinha resolvido voltaram de forma diferente, e agora me fode tudo.
Preciso de um tempo, só meu...Preciso de inconsciencia.
Não aguento mais, em verdade, estar ciente do que acontece...Preciso, por alguns instantes, perder os sentidos, a cabeça.
Acho que é mais fácil encarar assim, se abstrair.
Ando desistindo de tudo. Desisti do teatro, desisti de aprender violino, parei de desenhar, parei de escrever (meus textos estão cada vez piores, entao desisto). Desisti de tudo, acho que no momento é melhor viver assim ao Deus dará.
Pedro se fecha em uma bolha.
Isso me cança, na verdade estou no bico do corvo, again!
Relacionamentos, machucam. Então por que corro atraz?
Por que sou idiota!
Eu tinha aprendido a não e vincular a pessoas, e de repende encontramos Pedro assim.
Idiota.
Tento ser chato, cada vez mais.
Tento ser quieto, cada vez mais.
Tento ignorar, cada vez mais.
Tento calar, cada vez mais.
Mas depois de construir uma base boa o suficiente para me fechar, eu vou lá e destruo ela.
Decide, menino!
Idiota.
Na verdae, agora é oficial.
PAREI DE:
1comer
2falar
3chorar
méta para 2010.
Iris se irritaria, porcamente.
Pois é, temos agora um novo Pedro. Garoto mecânico....mecânico não, inerte.
Passo então por um período de transição. E uma de minhas ultimas frases é:
Adeus..Se tudo der certo, não sentirei falta de ninguém. Boa noite.
Como eu posso ser tão imaturo?
Eu sou egoísta.
finjo ser...
segunda-feira, 22 de março de 2010
Mischa.
Mischa sentou-se por um momento, coçou a cabeça, acomodou-se melhor no sofá, escondeu a cabeça entre os braços e começou a chorar.
Chorou alí sentado durante alguns minutos, permaneceu inerte durante outros...E então levantou-se.
Escovou os dentes, lavou o rosto e voltou a sentar-se no sofá.
Permaneceu novamente inerte por um quarto de hora. Inerte.
Em verdade permaneceu inerte por dois meses completos, quando se levantava, ia direto para seu quarto. De seu quarto saia apenas de manhã para ir à escola. Da escola ia, inertemente, para sua casa.
E assim permaneceu. Durante dois meses quase não falou palavra.
Quase ninguém notou. Sua mãe estava satisfeita, pois sempre o encontrava ocupado. Quando chegava em casa encontrava-o no quarto fazendo seus deveres escolares, quando ia dizer-lhe boa noite, este estava desenhando ou apenas lendo.
Seus professores encararam aquela mudança como disciplina, pois finalmente o aluno calara-se e passara a prestar a atenção na matéria.
Seus amigos, apenas, estranharam.
Roberto, uma noite perguntou-lhe se estava bem, Mischa apenas ignorou-o.
Marília uma vez se ofereceu para ouvi-lo, Mischa apenas disse que tinha fome.
Gabriel perguntou porque estava tão sumido, Mischa ignorou-o também.
Uma noite, sózinho em casa, resolveu-se..."Não comerei".
Mischa parou de comer.
Permaneceu sem mastigar por tres dias, e quando comeu, rejeitou metade.
Mischa estava, em verdade, profundamente deprimido, não se sentia mau, apenas deprimido.
Mischa não chorara dês de aquela vez em seu sofá.
Mischa se sentia bem, sentia que queria continuar daquele jeito.
Todas as suas ambições haviam sumido.
Aprender violino? Não mais.
Desenhar? Apenas rabiscar.
Tocar gaita, violão? Para que?!
Ler Ginsbourg e Kerouack? Não sentia mais vontade.
Fazer faculdade? Morreria antes.
Mischa encontrava-se agora envolvido por uma camada de autodespreso tão grande que já não sentia mais nada por sí mesmo.
Em seus pensamentos, não mais se enganava, Mischa era sincero. Se sentia mau, ridicularizava-se. Se sentia bem, torturava-se.
Nesse período Mischa passou a recorrer a autoflagelação. Sentia a dor física de forma tão intensa, que esquecia angustias recentes e antigas. Começou com apertar objetos metálicos sobre sua pele, apenas para que a pressão o distraísse. E em duas semanas passou a cortar-se.
Mischa encontrava na multilação uma certa distração que livros e musica não podiam lhe proporcionar. Estava bem daquele jeito.
Roberto, uma vez que preocupado com as profundas olheras, e os olhos vermelhos de Mischa o chamou para sair.
Dirigiram por alguns quilometros, ouviram musica auta. Mischa sorria, lapsos faciais mecanicos. Mas não dizia palavra alguma.
Roberto cada vez mais preocupado tentava distraí-lo, Mischa por sua vez se distraía sózinho, embora participando das brincadeiras do amigo, permanecia trancado em sua mente.
Por um mês inteiro, Roberto se preocupou em tira-lo daquela bolha, Mischa não queria sair. Roberto passou a sofrer junto com ele, mas sempre tentando anima-lo.
Roberto se preocupou a fundo com Mischa, por um mês inteiro deixou de viver, para tentar fazer com que Mischa vivesse.
Mischa havia morrido, ainda que momentaneamente, Mischa não estava mais lá. Os dois sabiam que uma hora Mischa voltaria.
Mischa, uma noite, voltou. Ainda que não discesse palavra, Mischa estava lá. Decidiu-se.
Acendeu um cigarro, da caixa que permanecera dois meses intocada. Do armário da cozinha, tirou algumas capsulas. Em seu quarto, ligou um disco e começou a engolir as drágeas.
Quando terminou de engolir sua porção de morte, podia apenas ouvir um coro distorcido que cantava.
"All is loneliness before me
All is loneliness before me
Loneliness comes botherin' round my house
Loneliness comes botherin'
Loneliness comes botherin'
Loneliness comes botherin' round my house
Loneliness
Loneliness comes worryin' round my door
Loneliness comes worryin'
Loneliness comes worryin'
Loneliness comes worryin' round my door
It was loneliness."
Louis Hardin
Roberto nunca existira, Mischa esteve sempre la, mas Roberto não. Era apenas uma sombra que Mischa desejava...Ele não estava lá.
Chorou alí sentado durante alguns minutos, permaneceu inerte durante outros...E então levantou-se.
Escovou os dentes, lavou o rosto e voltou a sentar-se no sofá.
Permaneceu novamente inerte por um quarto de hora. Inerte.
Em verdade permaneceu inerte por dois meses completos, quando se levantava, ia direto para seu quarto. De seu quarto saia apenas de manhã para ir à escola. Da escola ia, inertemente, para sua casa.
E assim permaneceu. Durante dois meses quase não falou palavra.
Quase ninguém notou. Sua mãe estava satisfeita, pois sempre o encontrava ocupado. Quando chegava em casa encontrava-o no quarto fazendo seus deveres escolares, quando ia dizer-lhe boa noite, este estava desenhando ou apenas lendo.
Seus professores encararam aquela mudança como disciplina, pois finalmente o aluno calara-se e passara a prestar a atenção na matéria.
Seus amigos, apenas, estranharam.
Roberto, uma noite perguntou-lhe se estava bem, Mischa apenas ignorou-o.
Marília uma vez se ofereceu para ouvi-lo, Mischa apenas disse que tinha fome.
Gabriel perguntou porque estava tão sumido, Mischa ignorou-o também.
Uma noite, sózinho em casa, resolveu-se..."Não comerei".
Mischa parou de comer.
Permaneceu sem mastigar por tres dias, e quando comeu, rejeitou metade.
Mischa estava, em verdade, profundamente deprimido, não se sentia mau, apenas deprimido.
Mischa não chorara dês de aquela vez em seu sofá.
Mischa se sentia bem, sentia que queria continuar daquele jeito.
Todas as suas ambições haviam sumido.
Aprender violino? Não mais.
Desenhar? Apenas rabiscar.
Tocar gaita, violão? Para que?!
Ler Ginsbourg e Kerouack? Não sentia mais vontade.
Fazer faculdade? Morreria antes.
Mischa encontrava-se agora envolvido por uma camada de autodespreso tão grande que já não sentia mais nada por sí mesmo.
Em seus pensamentos, não mais se enganava, Mischa era sincero. Se sentia mau, ridicularizava-se. Se sentia bem, torturava-se.
Nesse período Mischa passou a recorrer a autoflagelação. Sentia a dor física de forma tão intensa, que esquecia angustias recentes e antigas. Começou com apertar objetos metálicos sobre sua pele, apenas para que a pressão o distraísse. E em duas semanas passou a cortar-se.
Mischa encontrava na multilação uma certa distração que livros e musica não podiam lhe proporcionar. Estava bem daquele jeito.
Roberto, uma vez que preocupado com as profundas olheras, e os olhos vermelhos de Mischa o chamou para sair.
Dirigiram por alguns quilometros, ouviram musica auta. Mischa sorria, lapsos faciais mecanicos. Mas não dizia palavra alguma.
Roberto cada vez mais preocupado tentava distraí-lo, Mischa por sua vez se distraía sózinho, embora participando das brincadeiras do amigo, permanecia trancado em sua mente.
Por um mês inteiro, Roberto se preocupou em tira-lo daquela bolha, Mischa não queria sair. Roberto passou a sofrer junto com ele, mas sempre tentando anima-lo.
Roberto se preocupou a fundo com Mischa, por um mês inteiro deixou de viver, para tentar fazer com que Mischa vivesse.
Mischa havia morrido, ainda que momentaneamente, Mischa não estava mais lá. Os dois sabiam que uma hora Mischa voltaria.
Mischa, uma noite, voltou. Ainda que não discesse palavra, Mischa estava lá. Decidiu-se.
Acendeu um cigarro, da caixa que permanecera dois meses intocada. Do armário da cozinha, tirou algumas capsulas. Em seu quarto, ligou um disco e começou a engolir as drágeas.
Quando terminou de engolir sua porção de morte, podia apenas ouvir um coro distorcido que cantava.
"All is loneliness before me
All is loneliness before me
Loneliness comes botherin' round my house
Loneliness comes botherin'
Loneliness comes botherin'
Loneliness comes botherin' round my house
Loneliness
Loneliness comes worryin' round my door
Loneliness comes worryin'
Loneliness comes worryin'
Loneliness comes worryin' round my door
It was loneliness."
Louis Hardin
Roberto nunca existira, Mischa esteve sempre la, mas Roberto não. Era apenas uma sombra que Mischa desejava...Ele não estava lá.
domingo, 21 de março de 2010
Hoje, seria um ótimo dia para morrer.
Não sei, me sinto bem..sim.
Me sinto realmente bem.
Na verdade não sei...Apesar de me sentir bem, ainda existe algo que me cutuca.
Não sei se o que sinto é amor...Não amor homem/mulher, simplesmente amor. Gosto dos meus amigos...
Julia, ela é incrívelment legal, ela é divertida, ela não se importa sobre uma pá de coisas...Eu realmente amo ela.
Mariana, ela é simplesmente...ela. Eu não consigo definir. Seu jeito divertido, seu jeito sincero, como posso dizer...corajoso. Ela me quebra as pernas. Eu amo ela.
Isabela, ela é adorável.Ela é a fofura em pessoa. Eu amo ela.
Clarissa, as vezes acho que se parece comigo. Estupendamente inteligente, inteligente. Engraçada...porcamente engraçada...Amo ela.(POR INCRÍVEL QUE PAREÇA)
Mauro...que dizer, é um amigo homem! São poucos, e eles realmente merecem meu apreço. Ele é porcamente cool, de um jeito mauro, sabe? O filho da puta se nega a ir para a França, isso me faz contar pontos a favor dele, estranho...Amo ele.
íris, seu jeito prepotente, as vezes, me faz pensar:Ela sempre consegue o que quer. Ela é inteligente, engraçada e demais. Amo ela.
Ellen, ela é como um gato. Só. Ela é íncrivel, consegue me arrancar tudo, e consegue me fazer expressar.
Vitor, ele me intimida, mas aprendi a reagir. Ele é cult, e isso me agrada. Ele é legal de uma forma legal, entende? Amo ele.
Priscila, ela simplesmente meio que me tem, de uma forma legal. Eu amo ela.
Lígia, não sei o que dizer, ela é utopica! Amo ela.
E por aí vem uma pá de amigos, como Isadora, Majú, Majú ruiva, enfim...
Não sei se sou capaz de sentir amor, por enquanto...Não sei se realmente amo eles todos. O que sei é que gosto deles, e muito.
Eles me fazem falar, me fazer me divertir. Me sinto bem perto deles, sim...
Hoje me senti muito bem...Foi algo como que...como que gostoso. Os fins de noite na casa da Julia, ou em casa ou na da Mauro. As voltas de carro pelas contra-mãos da vida. A música boa em um rádio extremamente alto. As mãos dadas, os um anéis. As batatas que a Mariana gosta.
Sei lá eu o que isso quer dizer.
Mas sempre tem algo que me faz sentir mau...Digo, será que sou da turma mesmo? Não sei...as vezes só estou lá como um amigo momentaneo, e que no fim vai acabar de afastando por algum motivo.
Não sei.
Não sei!
Não sei?
Talvez saiba...Talvez ISSO eu saiba.
Na verdade, me sinto bem, isso é, me sinto relativamente bem.
Experimento algo novo que é esse gostar diferente...
Esses programas leves e fofinhos me satisfazem, não pro completo, mas me alegram.
Por essas pessoas, bem, por uma em especial, estou parando de fazer algumas coisas. Coisas que todo mundo quer que eu pare!
Mas é o seguinte, sou egoísta ainda, não é integralmente por elas que faço, é simplesmente porque me convém parar por elas. Entende?
Nãosei.
Deveria saber!
Talvez algum amigO meu se irrite por não saber me expressar verdadeiramente, poisé, é mais fácil com amigAs.
Talvez seja só porquisse minha, mas ainda assim, valendo.
Deveria me concentrar em estar lá, em me presenciar, mas é algo novo e difícil. Talvez não tão difícil, talvez eu só esteja acomodado. Talvez.
Devo tomar coranjem, junto com algumas outras coisas e ser mais free da vida, menos hiiin~~~~! Menos chocado.
Quero dizer, I LOVE THEM ALL(cat stevens rulez), então foda-se o eu e esteja no deles.
Nãosei.
DEVERIA SABER!
queria saber.
é difícil tentar entender tudo isso, mas eu entendo porque pra mim vem isntantaneo, ta la.
Eu queria uma fermata, que pudesse fazer o tempo agir da forma que eu quero...Fermatas, pura ilusão.
Mas a verdade é...isso vai acabar. logo. Me corta o coração, mas deicha ver...ja aconteceram duas vezes, e uma terceira vai acontecer!
Me corta o coração, porque a dependencia que cria-se por isso tem que ser quebrada, e essa dependencia é facil de ser quebrada, mas dói horrendamente.
And if I ever lose my mind.
I don't wanna wake no more.
TOUT PEUT S'OUBLIER!
je n'oublierai pas. je peut pas.
ME SINTO BEEEEEEEEEEEEEEEEEM!
Não sei, me sinto bem..sim.
Me sinto realmente bem.
Na verdade não sei...Apesar de me sentir bem, ainda existe algo que me cutuca.
Não sei se o que sinto é amor...Não amor homem/mulher, simplesmente amor. Gosto dos meus amigos...
Julia, ela é incrívelment legal, ela é divertida, ela não se importa sobre uma pá de coisas...Eu realmente amo ela.
Mariana, ela é simplesmente...ela. Eu não consigo definir. Seu jeito divertido, seu jeito sincero, como posso dizer...corajoso. Ela me quebra as pernas. Eu amo ela.
Isabela, ela é adorável.Ela é a fofura em pessoa. Eu amo ela.
Clarissa, as vezes acho que se parece comigo. Estupendamente inteligente, inteligente. Engraçada...porcamente engraçada...Amo ela.(POR INCRÍVEL QUE PAREÇA)
Mauro...que dizer, é um amigo homem! São poucos, e eles realmente merecem meu apreço. Ele é porcamente cool, de um jeito mauro, sabe? O filho da puta se nega a ir para a França, isso me faz contar pontos a favor dele, estranho...Amo ele.
íris, seu jeito prepotente, as vezes, me faz pensar:Ela sempre consegue o que quer. Ela é inteligente, engraçada e demais. Amo ela.
Ellen, ela é como um gato. Só. Ela é íncrivel, consegue me arrancar tudo, e consegue me fazer expressar.
Vitor, ele me intimida, mas aprendi a reagir. Ele é cult, e isso me agrada. Ele é legal de uma forma legal, entende? Amo ele.
Priscila, ela simplesmente meio que me tem, de uma forma legal. Eu amo ela.
Lígia, não sei o que dizer, ela é utopica! Amo ela.
E por aí vem uma pá de amigos, como Isadora, Majú, Majú ruiva, enfim...
Não sei se sou capaz de sentir amor, por enquanto...Não sei se realmente amo eles todos. O que sei é que gosto deles, e muito.
Eles me fazem falar, me fazer me divertir. Me sinto bem perto deles, sim...
Hoje me senti muito bem...Foi algo como que...como que gostoso. Os fins de noite na casa da Julia, ou em casa ou na da Mauro. As voltas de carro pelas contra-mãos da vida. A música boa em um rádio extremamente alto. As mãos dadas, os um anéis. As batatas que a Mariana gosta.
Sei lá eu o que isso quer dizer.
Mas sempre tem algo que me faz sentir mau...Digo, será que sou da turma mesmo? Não sei...as vezes só estou lá como um amigo momentaneo, e que no fim vai acabar de afastando por algum motivo.
Não sei.
Não sei!
Não sei?
Talvez saiba...Talvez ISSO eu saiba.
Na verdade, me sinto bem, isso é, me sinto relativamente bem.
Experimento algo novo que é esse gostar diferente...
Esses programas leves e fofinhos me satisfazem, não pro completo, mas me alegram.
Por essas pessoas, bem, por uma em especial, estou parando de fazer algumas coisas. Coisas que todo mundo quer que eu pare!
Mas é o seguinte, sou egoísta ainda, não é integralmente por elas que faço, é simplesmente porque me convém parar por elas. Entende?
Nãosei.
Deveria saber!
Talvez algum amigO meu se irrite por não saber me expressar verdadeiramente, poisé, é mais fácil com amigAs.
Talvez seja só porquisse minha, mas ainda assim, valendo.
Deveria me concentrar em estar lá, em me presenciar, mas é algo novo e difícil. Talvez não tão difícil, talvez eu só esteja acomodado. Talvez.
Devo tomar coranjem, junto com algumas outras coisas e ser mais free da vida, menos hiiin~~~~! Menos chocado.
Quero dizer, I LOVE THEM ALL(cat stevens rulez), então foda-se o eu e esteja no deles.
Nãosei.
DEVERIA SABER!
queria saber.
é difícil tentar entender tudo isso, mas eu entendo porque pra mim vem isntantaneo, ta la.
Eu queria uma fermata, que pudesse fazer o tempo agir da forma que eu quero...Fermatas, pura ilusão.
Mas a verdade é...isso vai acabar. logo. Me corta o coração, mas deicha ver...ja aconteceram duas vezes, e uma terceira vai acontecer!
Me corta o coração, porque a dependencia que cria-se por isso tem que ser quebrada, e essa dependencia é facil de ser quebrada, mas dói horrendamente.
And if I ever lose my mind.
I don't wanna wake no more.
TOUT PEUT S'OUBLIER!
je n'oublierai pas. je peut pas.
ME SINTO BEEEEEEEEEEEEEEEEEM!
segunda-feira, 1 de março de 2010
A Defunta.
Qual o sentimento que experimento ao dedilhar tais teclas?
Este, que sinto pulsar fortemente, que me faz ter ânsias...este me acompanha de longa data.
Ansioso como estou por contar-vos este ocorrido, ocorrido há algum tempo, ansioso com estou... Sinto como se meu peito fosse romper, apenas por um maior bombear de sangue para meu corpo. Apenas por uma batida mais forte, sinto arrebentando-me os músculos, as artérias... Sinto explodir as costelas.
Em verdade, nada é de extraordinário a história que vos transcrevo, em verdade é singela... Mas a ocasião em que me encontro, a busca em que me jogo pelas palavras corretas, me faz afobar o corpo, e, sobretudo a cabeça.
Há algum tempo, como já disse, levantei-me da cama... Levantei-me como quem busca uma bacia para o vômito, como o doente que busca fugir ao leito de morte... Levantei cambaleando. Sentia minha cabeça latejando, como se os ossos fossem explodir e voar em pedaços... Levantei-me buscando por um copo, e logo o enchi com conhaque... Conhaque, o amigo mais íntimo que um homem pode ter, e, no entanto tão fora de moda. Por isso me chamam antiquado.
Bebi-o, lentamente, degustando cada gole, sentindo o cheiro hora doce, hora amargo. Bebi-o ainda dois copos, e então resolvi por despertar interino.
Levantei-me e vaguei pelas dependências de minha casa, lugar velho, com uma ou outra parede manchada por uma maldita infiltração, o piso de madeira, madeira velha, que... Incrivelmente, não rangia.
A casa encontrava-se em tal estado, parecia-me que houvera sido o cenário de uma tourada, ou antes, de um pandemônio.
Sentei-me para cear, o café quente queimando minha boca, no entanto não podia deixar de sorver o amargo líquido. Comi alguma coisa velha que se encontrava no armário... O gosto velho e farinhento descendo por minha garganta me causou ânsias.
Saí de casa e pus-me a vagar pelas ruas da vizinhança, hora com um cigarro na boca, hora com um livreto nas mãos. Seguia como que buscando por alguém que devesse estar lá, às vezes dava meia volta só para poder andar a escura rua mais uma vez.
Numa dessas meias voltas foi que me dei com uma mulher, muito maquiada, roupa demasiado coloria, e cabelo mau penteado, de um loiro desbotado. Suas feições encovadas, e sua tez refletiam o seu estado de saúde, o brilho opaco de seus orbes meio que gritavam pela morte... Encarei-a durante certo tempo, acenei-lhe com a cabeça, e esta me sorriu. Seus dentes grandes e um tanto amarelados, me chamaram a atenção pela perfeição com que se encaixavam em seu maxilar, nenhum a disputar espaço com o outro, e, no entanto, todos tão unidos.
A mulher virou-se e pôs a caminhar lenta e gingadamente, tornou a cabeça para traz e me lançou um olhar convidativo, um sorriso que pretendia ser provocante nos lábios, e então continuou a sua dança até que chegou a uma esquina.
Segui-a por entre a noite, e entrei em sua casa. Casa?! Antes um barraco. A fachada, outrora branca e sem máculas, hoje caía em pedaços, deixando à mostra os ossos de barro do barraco, onde um buraco ou outro se avistava tampado por dentro da casa com uma tábua.
Entrei na "casa", a mulher me guiou até sua cama e se deitou. Sentei ao pé da cama e pus-me a cantarolar uma modinha.
__Pois bem, o que queres?
__Pois bem, o que você quer, em vista que me convidou a entrar em sua casa?
__Quero dinheiro para poder comprar um vestido de morta.
__Pois de morta?
__Sim, e por que não? Não sabes que daqui a algum tempo virei a morrer, e você também, assim como o prefeito e sua querida esposa?
__Bem o sei, mas me espanta que alguém que ainda vive pensa nas miudezas que virão após a morte.
__Bom, por minha vez me assusta que alguém deixe de querer preparar tudo para a sua partida. Pois bem, pergunto-lhe de novo... O que queres?
__Em visto que queres dinheiro, bom, pois o dar-te-ei.
__Sem nada em troca?
__Espera...
__Pois espero.
__Dar-lhe-ei o dinheiro de que necessitas para partir ao melhor estilo da moda, mas em troca dar-me-á uma noite.
__Pois é claro... É isso que tenho dado a todos os que aqui adentram... Estudantes, vigários, magistrados, professores, vagabundos, beatas... Pois sim, beatas. E era o que me encontrava pronta a lhe dar. O que perguntei é: O que queres que eu faça? Tens algum desejo em especial?
__Em verdade não, não venho para ver-te ridicularizada, amarrada, ou interpretando algum personagem... Quero apenas uma noite. Uma noite comum.
__Pois bem, acabemos de conversas...Deita-te aqui. Encontra-te mui desconfortável nesta posição, sentado ao pé da cama.
Em verdade amamo-nos... Vide que não faço o uso romântico da palavra. Se queres saber se senti desejo por seu corpo tísico, ou pela sua carne dura e sua pele mole, pelo seu tato frio, e pelo seu cheiro de suor seco ao pescoço...Sim, o senti. Agora, se achas que desejei tal corpo pela eternidade, se desejei cobrir-lho de pérolas... Encontra-te horrivelmente enganado.
Senti por ela o mesmo que sentia pelo ópio, o qual me acabava a vida... Não me importava a qualidade, ou em folha do que era enrolado, e sim me importava saciar de todo, ainda que momentaneamente, eu sei, me importava saciar de todo o desejo, que encontrava contido entre minhas pernas há alguns dias.
Fui embora logo após, prometendo que viria a sua casa na manhã seguinte para que saíssemos em busca do vestido com que faria a terrível e aguardada viagem, dei-lhe meu endereço, caso me demorasse, e então parti.
Ao chegar a minha casa, não dormi, pudera, havia acordado há uma hora e meia, no máximo. Pus-me a re-ler um antigo volume que tinha de A Dama das Camélias... Quantas bobagens encontravam-se cerradas por entre aquelas poeirentas páginas, quantas mentiras sobre o amor, e sobre o desejo encontrei logo no primeiro quarto do livro.
Ao findar de uma hora de leitura, levantei-me enfadado, ainda faltavam-se algumas horas para o sol nascer, e resolvi-me por sair em busca de um companheiro qualquer, junto de quem pudesse tornar-me uma vez mais ébrio de forma prazerosa.
Encontrei um pub qualquer, um amigo qualquer, de uma longa data qualquer... Pusemo-nos de imediato a beber da aguardente que lá havia... Bebemos durante algumas horas, e pusemo-nos a contar nossos causos... No fim da noite, quando já me encontrava enfadado, levantei-me e me pus a caminho de casa, pois mais uma vez tornava ao maldito lar de minhas mazelas.
Cochilei durante algumas horas, e ao acordar via que o sol já batia às nove horas, troquei-me a roupa, e me dirigi à casa da prostituta, sem antes amaciar meu estomago com qualquer velharia poeirenta que encontrasse no fundo do armário da cozinha... Pois foi assim que me pus a caminho à casa da velha tísica.
Ao chegar ao alpendre, sujo e esburacado, bati à porta da seca mulher que noite passada me atendera de forma tão prestativa. Uma mulher, ainda mais velha abriu-me a porta, assustado, ja ia tornar à minha casa, receoso de que fosse aquela anciã com quem me deitara na véspera. Já tornava o corpo ao caminho inverso, quando a velha me chamou.
__Por favor, venha cá moço. Por acaso procuras por Isabel?
__Não sei o nome de quem procuro, só sei que exerce o ofício da noite.
__Pois bem, é Isabel quem procuras.
__E ela se encontra?
__Encontra-se. Entre, por favor.
A velha disse isso baixando os olhos, com a voz triste, e então abriu a porta.
Guiou-me até a cama, Isabel encontrava-se deitada.
__Pois se ainda dormes, me retiro, não vejo prazer em acordá-la, ainda que para presentear-lhe com algo que mo tenha pedido.
__Pois não vês que Isabel não dorme?
__Pois não dorme?
__Não... Coitada, em verdade está morta.
__Morta?
__Creio-me que morreu ainda esta noite, pois sua boca encontra-se um pouco úmida, assim como seu sexo. Sabes o que isso quer dizer? Pois morreu logo após uma noite de trabalho.
Sentei-me novamente ao pé da cama, como na noite passada, e pus a acariciar-lhe o tornozelo... Voltei o rosto para a velha, de pé logo a porta do quarto e perguntei-lhe.
__Podes me fazer um favor?
__Primeiro diga qual, e então poderei responder-te.
__Poderia tirar as medidas dela, dos ombros, quadris, a altura, o busto, pulsos, enfim... Tirar todas as suas medidas?
__Sim, não seria trabalho, mas para que queres isto?
__Bom, preciso pagar uma dívida à defunta.
__Pois bem que lho faço. O senhor já ceou?
__Ainda não, em casa não senti vontade alguma, mas agora meu estomago me aperta... Acho que irei a uma casa de lanches qualquer e comerei qualquer coisa...volto em dois quartos de hora.
__Pois esquece. A cozinha é logo ali, tenho café novo e algumas broas de milho... Senta-te lá e come.
Sentindo-me contrariado, dirigi-me à cozinha, onde enojado não toquei uma xícara sequer, e nem ao menos degustei do farelo da broa amarelada.
Logo a velha apareceu na cozinha, e me entregou as medidas. Despedi-me dela, e fui ao alfaiate que mais me agradava na cidade.
Dei-lhe as medidas, e escolhi as cores e os tecidos, ditei-lhe o modelo, e o volume que desejava, em verdade inspirei-me nos modelos em alta na corte de Napoleón. Recomendei-lhe também muita pressa, o vestido precisava encontrar-se pronto ao fim da tarde.
Ao fim da tarde busquei-o, estava mui belo, dirigi-me para uma funerária, onde comprei um caixão velho e antiquado, não por isso menos belo. Findadas as compras, corri para a casa da defunta.
Vesti-a, antes tomando o cuidado de passar um pano úmido sobre sua pele para que não sujasse o veludo fino. Penteei seus cabelos, muitos dos quais se partiram na velha escova, e passei-lhe nos lábios uma borra de vinho barato, o mesmo que lhe passei nas maçãs do rosto.
Chamei um carro de aluguel qualquer, e tomei o cadáver à minha casa. Durante o trajeto, pude sentir uma vez mais o cheiro de seus cabelos e de seu pescoço, ambos já tão opacos pelo efeito do tempo. Acariciei-lhe os braços, os seios, as pernas magras... Tomei-a uma vez mais naquele mesmo lugar, sobre o sacolejar das rodas, amei-a uma vez mais... O gozo me surpreendera, fora tão menos prazeroso que o que tivera na véspera, mas tão mais lancinante...Inquietei-me.
Ao chegarmos a minha casa, depositei o corpo sobre minha cama, e lá o deixei... Quando já me encontrava cansado, deitei abraçado à imensa boneca, onde adormeci em sono profundo.
Acordei ao findar do dia, e vendo que as moscas já lhe pousavam na testa, resolvi que já era tempo de sepultá-la. Tomei o corpo ao caixão, tomando antes o cuidado de forrá-lo com lençóis de cetim, pois não tinha as flores mortuárias com que geralmente decoram-se caixões. Pus-me à cavar em meu jardim, o qual se encontrava aos fundos de minha velha casa, e quando a noite já se ia alta, tomei a cova como pronta, embora estivesse um tanto tosca...Que fazer?! Não encontraria mais forças para cavar e dar os últimos retoques de artista ao buraco mortuário.
Empurrei o caixão, com o máximo cuidado que pude, sobre a cova, e ao findar de alguns minutos de esforço, encontrava-o totalmente coberto. Sentindo o receio do esquecimento futuro, tomei uma muda de dama-da-noite que caía do muro vizinho e plantei-a sobre a cova... Pois bem, Isabel encontrava-se agora honrada, sepultada sobre o estandarte de seu ofício... Isabel, a mulher que sempre sentirei saudades.
Pois bem... Adverti-lhos de que não era excepcional o que me ocorrera, mas devo admitir que me baqueou duramente...Durante algumas semanas não pude mais sair de casa, me limitava a circular o jardim macabro...Meus esforços, em limitei apenas a tratar da planta-estandarte que encontrava-se cada vez mais forte, cada vez mais perfumosa...Pois bem, tendes, agora, minha história completamente lida.
-----ISSO QUE DA LER ALVARES DE AZEVEDO.
Este, que sinto pulsar fortemente, que me faz ter ânsias...este me acompanha de longa data.
Ansioso como estou por contar-vos este ocorrido, ocorrido há algum tempo, ansioso com estou... Sinto como se meu peito fosse romper, apenas por um maior bombear de sangue para meu corpo. Apenas por uma batida mais forte, sinto arrebentando-me os músculos, as artérias... Sinto explodir as costelas.
Em verdade, nada é de extraordinário a história que vos transcrevo, em verdade é singela... Mas a ocasião em que me encontro, a busca em que me jogo pelas palavras corretas, me faz afobar o corpo, e, sobretudo a cabeça.
Há algum tempo, como já disse, levantei-me da cama... Levantei-me como quem busca uma bacia para o vômito, como o doente que busca fugir ao leito de morte... Levantei cambaleando. Sentia minha cabeça latejando, como se os ossos fossem explodir e voar em pedaços... Levantei-me buscando por um copo, e logo o enchi com conhaque... Conhaque, o amigo mais íntimo que um homem pode ter, e, no entanto tão fora de moda. Por isso me chamam antiquado.
Bebi-o, lentamente, degustando cada gole, sentindo o cheiro hora doce, hora amargo. Bebi-o ainda dois copos, e então resolvi por despertar interino.
Levantei-me e vaguei pelas dependências de minha casa, lugar velho, com uma ou outra parede manchada por uma maldita infiltração, o piso de madeira, madeira velha, que... Incrivelmente, não rangia.
A casa encontrava-se em tal estado, parecia-me que houvera sido o cenário de uma tourada, ou antes, de um pandemônio.
Sentei-me para cear, o café quente queimando minha boca, no entanto não podia deixar de sorver o amargo líquido. Comi alguma coisa velha que se encontrava no armário... O gosto velho e farinhento descendo por minha garganta me causou ânsias.
Saí de casa e pus-me a vagar pelas ruas da vizinhança, hora com um cigarro na boca, hora com um livreto nas mãos. Seguia como que buscando por alguém que devesse estar lá, às vezes dava meia volta só para poder andar a escura rua mais uma vez.
Numa dessas meias voltas foi que me dei com uma mulher, muito maquiada, roupa demasiado coloria, e cabelo mau penteado, de um loiro desbotado. Suas feições encovadas, e sua tez refletiam o seu estado de saúde, o brilho opaco de seus orbes meio que gritavam pela morte... Encarei-a durante certo tempo, acenei-lhe com a cabeça, e esta me sorriu. Seus dentes grandes e um tanto amarelados, me chamaram a atenção pela perfeição com que se encaixavam em seu maxilar, nenhum a disputar espaço com o outro, e, no entanto, todos tão unidos.
A mulher virou-se e pôs a caminhar lenta e gingadamente, tornou a cabeça para traz e me lançou um olhar convidativo, um sorriso que pretendia ser provocante nos lábios, e então continuou a sua dança até que chegou a uma esquina.
Segui-a por entre a noite, e entrei em sua casa. Casa?! Antes um barraco. A fachada, outrora branca e sem máculas, hoje caía em pedaços, deixando à mostra os ossos de barro do barraco, onde um buraco ou outro se avistava tampado por dentro da casa com uma tábua.
Entrei na "casa", a mulher me guiou até sua cama e se deitou. Sentei ao pé da cama e pus-me a cantarolar uma modinha.
__Pois bem, o que queres?
__Pois bem, o que você quer, em vista que me convidou a entrar em sua casa?
__Quero dinheiro para poder comprar um vestido de morta.
__Pois de morta?
__Sim, e por que não? Não sabes que daqui a algum tempo virei a morrer, e você também, assim como o prefeito e sua querida esposa?
__Bem o sei, mas me espanta que alguém que ainda vive pensa nas miudezas que virão após a morte.
__Bom, por minha vez me assusta que alguém deixe de querer preparar tudo para a sua partida. Pois bem, pergunto-lhe de novo... O que queres?
__Em visto que queres dinheiro, bom, pois o dar-te-ei.
__Sem nada em troca?
__Espera...
__Pois espero.
__Dar-lhe-ei o dinheiro de que necessitas para partir ao melhor estilo da moda, mas em troca dar-me-á uma noite.
__Pois é claro... É isso que tenho dado a todos os que aqui adentram... Estudantes, vigários, magistrados, professores, vagabundos, beatas... Pois sim, beatas. E era o que me encontrava pronta a lhe dar. O que perguntei é: O que queres que eu faça? Tens algum desejo em especial?
__Em verdade não, não venho para ver-te ridicularizada, amarrada, ou interpretando algum personagem... Quero apenas uma noite. Uma noite comum.
__Pois bem, acabemos de conversas...Deita-te aqui. Encontra-te mui desconfortável nesta posição, sentado ao pé da cama.
Em verdade amamo-nos... Vide que não faço o uso romântico da palavra. Se queres saber se senti desejo por seu corpo tísico, ou pela sua carne dura e sua pele mole, pelo seu tato frio, e pelo seu cheiro de suor seco ao pescoço...Sim, o senti. Agora, se achas que desejei tal corpo pela eternidade, se desejei cobrir-lho de pérolas... Encontra-te horrivelmente enganado.
Senti por ela o mesmo que sentia pelo ópio, o qual me acabava a vida... Não me importava a qualidade, ou em folha do que era enrolado, e sim me importava saciar de todo, ainda que momentaneamente, eu sei, me importava saciar de todo o desejo, que encontrava contido entre minhas pernas há alguns dias.
Fui embora logo após, prometendo que viria a sua casa na manhã seguinte para que saíssemos em busca do vestido com que faria a terrível e aguardada viagem, dei-lhe meu endereço, caso me demorasse, e então parti.
Ao chegar a minha casa, não dormi, pudera, havia acordado há uma hora e meia, no máximo. Pus-me a re-ler um antigo volume que tinha de A Dama das Camélias... Quantas bobagens encontravam-se cerradas por entre aquelas poeirentas páginas, quantas mentiras sobre o amor, e sobre o desejo encontrei logo no primeiro quarto do livro.
Ao findar de uma hora de leitura, levantei-me enfadado, ainda faltavam-se algumas horas para o sol nascer, e resolvi-me por sair em busca de um companheiro qualquer, junto de quem pudesse tornar-me uma vez mais ébrio de forma prazerosa.
Encontrei um pub qualquer, um amigo qualquer, de uma longa data qualquer... Pusemo-nos de imediato a beber da aguardente que lá havia... Bebemos durante algumas horas, e pusemo-nos a contar nossos causos... No fim da noite, quando já me encontrava enfadado, levantei-me e me pus a caminho de casa, pois mais uma vez tornava ao maldito lar de minhas mazelas.
Cochilei durante algumas horas, e ao acordar via que o sol já batia às nove horas, troquei-me a roupa, e me dirigi à casa da prostituta, sem antes amaciar meu estomago com qualquer velharia poeirenta que encontrasse no fundo do armário da cozinha... Pois foi assim que me pus a caminho à casa da velha tísica.
Ao chegar ao alpendre, sujo e esburacado, bati à porta da seca mulher que noite passada me atendera de forma tão prestativa. Uma mulher, ainda mais velha abriu-me a porta, assustado, ja ia tornar à minha casa, receoso de que fosse aquela anciã com quem me deitara na véspera. Já tornava o corpo ao caminho inverso, quando a velha me chamou.
__Por favor, venha cá moço. Por acaso procuras por Isabel?
__Não sei o nome de quem procuro, só sei que exerce o ofício da noite.
__Pois bem, é Isabel quem procuras.
__E ela se encontra?
__Encontra-se. Entre, por favor.
A velha disse isso baixando os olhos, com a voz triste, e então abriu a porta.
Guiou-me até a cama, Isabel encontrava-se deitada.
__Pois se ainda dormes, me retiro, não vejo prazer em acordá-la, ainda que para presentear-lhe com algo que mo tenha pedido.
__Pois não vês que Isabel não dorme?
__Pois não dorme?
__Não... Coitada, em verdade está morta.
__Morta?
__Creio-me que morreu ainda esta noite, pois sua boca encontra-se um pouco úmida, assim como seu sexo. Sabes o que isso quer dizer? Pois morreu logo após uma noite de trabalho.
Sentei-me novamente ao pé da cama, como na noite passada, e pus a acariciar-lhe o tornozelo... Voltei o rosto para a velha, de pé logo a porta do quarto e perguntei-lhe.
__Podes me fazer um favor?
__Primeiro diga qual, e então poderei responder-te.
__Poderia tirar as medidas dela, dos ombros, quadris, a altura, o busto, pulsos, enfim... Tirar todas as suas medidas?
__Sim, não seria trabalho, mas para que queres isto?
__Bom, preciso pagar uma dívida à defunta.
__Pois bem que lho faço. O senhor já ceou?
__Ainda não, em casa não senti vontade alguma, mas agora meu estomago me aperta... Acho que irei a uma casa de lanches qualquer e comerei qualquer coisa...volto em dois quartos de hora.
__Pois esquece. A cozinha é logo ali, tenho café novo e algumas broas de milho... Senta-te lá e come.
Sentindo-me contrariado, dirigi-me à cozinha, onde enojado não toquei uma xícara sequer, e nem ao menos degustei do farelo da broa amarelada.
Logo a velha apareceu na cozinha, e me entregou as medidas. Despedi-me dela, e fui ao alfaiate que mais me agradava na cidade.
Dei-lhe as medidas, e escolhi as cores e os tecidos, ditei-lhe o modelo, e o volume que desejava, em verdade inspirei-me nos modelos em alta na corte de Napoleón. Recomendei-lhe também muita pressa, o vestido precisava encontrar-se pronto ao fim da tarde.
Ao fim da tarde busquei-o, estava mui belo, dirigi-me para uma funerária, onde comprei um caixão velho e antiquado, não por isso menos belo. Findadas as compras, corri para a casa da defunta.
Vesti-a, antes tomando o cuidado de passar um pano úmido sobre sua pele para que não sujasse o veludo fino. Penteei seus cabelos, muitos dos quais se partiram na velha escova, e passei-lhe nos lábios uma borra de vinho barato, o mesmo que lhe passei nas maçãs do rosto.
Chamei um carro de aluguel qualquer, e tomei o cadáver à minha casa. Durante o trajeto, pude sentir uma vez mais o cheiro de seus cabelos e de seu pescoço, ambos já tão opacos pelo efeito do tempo. Acariciei-lhe os braços, os seios, as pernas magras... Tomei-a uma vez mais naquele mesmo lugar, sobre o sacolejar das rodas, amei-a uma vez mais... O gozo me surpreendera, fora tão menos prazeroso que o que tivera na véspera, mas tão mais lancinante...Inquietei-me.
Ao chegarmos a minha casa, depositei o corpo sobre minha cama, e lá o deixei... Quando já me encontrava cansado, deitei abraçado à imensa boneca, onde adormeci em sono profundo.
Acordei ao findar do dia, e vendo que as moscas já lhe pousavam na testa, resolvi que já era tempo de sepultá-la. Tomei o corpo ao caixão, tomando antes o cuidado de forrá-lo com lençóis de cetim, pois não tinha as flores mortuárias com que geralmente decoram-se caixões. Pus-me à cavar em meu jardim, o qual se encontrava aos fundos de minha velha casa, e quando a noite já se ia alta, tomei a cova como pronta, embora estivesse um tanto tosca...Que fazer?! Não encontraria mais forças para cavar e dar os últimos retoques de artista ao buraco mortuário.
Empurrei o caixão, com o máximo cuidado que pude, sobre a cova, e ao findar de alguns minutos de esforço, encontrava-o totalmente coberto. Sentindo o receio do esquecimento futuro, tomei uma muda de dama-da-noite que caía do muro vizinho e plantei-a sobre a cova... Pois bem, Isabel encontrava-se agora honrada, sepultada sobre o estandarte de seu ofício... Isabel, a mulher que sempre sentirei saudades.
Pois bem... Adverti-lhos de que não era excepcional o que me ocorrera, mas devo admitir que me baqueou duramente...Durante algumas semanas não pude mais sair de casa, me limitava a circular o jardim macabro...Meus esforços, em limitei apenas a tratar da planta-estandarte que encontrava-se cada vez mais forte, cada vez mais perfumosa...Pois bem, tendes, agora, minha história completamente lida.
-----ISSO QUE DA LER ALVARES DE AZEVEDO.
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